
Jesus levanta-se, para fazer uma leitura, que ele próprio não escolheu. Mas que lhe dispensa, sem mais, uma apresentação pessoal ou oficial, sobre quem é e ao que vem. Afinal está tudo dito ali, «naquela passagem». A partir de um texto do Profeta Isaías, Jesus diz-se por inteiro. É Ele o Ungido do Espírito, o Messias Prometido, o Libertador esperado. Com Ele, Deus cumpriu a Promessa, a Palavra chega aos pobres e infelizes, aos arrumados e aos arrumadores, do seu tempo.
Jesus lê aquela Palavra, que afinal falava dEle, como, aliás, dEle falam todas as Escrituras. Lê-a e diz simplesmente: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir». Como se lendo uma página da Bíblia, Jesus dissesse: «Isto fala. É Deus que fala, Isto fala de mim. Isto fala por mim. Isto fala para mim. Isto tem tudo que ver comigo». Jesus está a dizer: «Este de que falam as “velhas Escrituras” sou Eu. Eu sou Aquele, que dá sentido e realidade, carne e vida, à Palavra aqui dita, aqui escrita, aqui falada». E as pessoas, na assembleia, ouvem, olhando-O. Escutam, vendo-O. «Estavam fixos em Jesus, os olhos de toda a sinagoga». Jesus não é apenas a Palavra, que se ouve e diz, mas é a também a Palavra que se vê e acontece. É o Verbo de Deus que se fez Carne (Jo.1,1.14), e é a Imagem visível do Deus invisível (Col.1,15; Jo.1,18; Heb.1,3).
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