domingo, 8 de junho de 2008

O cristão na sociedade.

Tem-se questionado qual o papel do cristão na sociedade. Para ser mais correcto, tem-se questionado o papel do religioso no diálogo social. É certo que algumas correntes do pensamento actual advogam uma total separação entre aquilo que é do domínio público – como a política, o futebol, a arte – e aquilo que é do foro pessoal – a confissão religiosa, as orientações sexuais, o domínio do seu próprio corpo, entre outras. Este dualismo platónico, exacerbado pelo racionalismo, leva sem dúvida a uma esquizofrenia existencial.
O Homem é um todo e como tal não pode segmentar a sua vida por parcelas, actividades ou circunstâncias. Poderá um casal só viver o seu matrimónio quando estão juntos? Não são eles um casal mesmo quando estão cada um no seu trabalho?
Estado civil, credo, etnia ou nacionalidade não são objectos que se utilizam ou rejeitam de acordo com as circunstâncias, são parte integral e constitutiva do indivíduo. Deste modo não podem ser ligadas ou desligadas conforme as circunstâncias.
Como pode então um cristão desligar-se da sua fé no decorrer do dia-a-dia? Como pode deixar de imprimir aquilo que lhe é específico, e que lhe advém do baptismo, na sociedade onde vive?
Em qualquer tipo de sociedade ou de Estado, sejam estes confeccionais, laicos ou laicistas, o cristão não pode deixar de ser aquilo que é e por isso as suas escolhas ou rejeições, as suas atitudes são sempre iluminadas pela fé que o orienta para uma determinada praxis existencial.
Por sorte, vivemos num Estado laico – os nossos irmãos britânicos vivem num estado confeccional e até há pouco tempo os cristão não podiam assumir funções públicas; no Médio Oriente e na Ásia os cristãos são perseguidos – onde cada indivíduo tem a possibilidade de optar pelo seu próprio credo, exprimi-lo publicamente sem que o Estado interfira nessa escolha. Contudo parece-me que muitas vezes se confunde Estado Laico – estado que não assume nenhum credo específico – com Estado laicista – estado que não só não assume como também não permite essa escolha individual dos cidadãos.
Cabe ao Estado, ou melhor, ao Governo democraticamente eleito velar pelo bem-estar dos cidadãos, não só em áreas como a economia, a saúde ou a educação, como também em áreas estruturais e fundacionais de qualquer sociedade (família, lazer, cultura e expressão religiosa).
Cabe ao cristão concorrer em tudo para o bem-comum, imprimindo no seu agir diário a novidade do Evangelho, dando testemunho de um fim último que transcende o quotidiano.
Na conjugação de esforços nascerá uma sociedade mais justa e solidária, laica mas onde a fé tem uma palavra importante a dizer.
Pe. João Pedro, notícia publica no jornal Discurso Directo.

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