terça-feira, 1 de julho de 2008

Ano Paulino na Diocese do Porto (nota pastoral)

Na homilia da Missa Crismal, em 20 de Março de 2008, depois de ouvir, no Evangelho proclamado, Jesus a anunciar que tinham sido cumpridas ali na sinagoga de Nazaré, naquele “hoje” de Deus, as palavras do profeta Isaías que acabara de ler, propus à diocese, na tentativa de actualizar esse “hoje” e advertindo que “como a iniciativa é do Espírito, assim também o programa está feito no que tem de permanente”, o que intitulei: “Um “programa” libertador: corresponsabilidade para a nova evangelização”. E convidando todos, clérigos, consagrados e leigos a empenhar-se “em corresponsabilidade activa e criativa”, apontei como meta “uma grande missão diocesana”, a culminar a primeira década deste século e milénio, no ano de 2010. E permiti-me insistir: “É URGENTE EVANGELIZAR! URGENTE EVANGELIZAR O MEIO ENVOLVENTE, QUE TANTO GANHARÁ NO REENCONTRO COM O EVANGELHO DE CRISTO! URGENTE EVANGELIZAR A CULTURA E EVANGELIZAR NA CULTURA, PARA QUE OS DIVERSOS SECTORES E AMBIENTES SE REFRESQUEM NA ÁGUA VIVA DO ESPÍRITO! URGENTE INCENTIVAR O TESTEMUNHO LAICAL, DA FAMÍLIA À ESCOLA, DA ESCOLA À PROFISSÃO, DA PRISÃO AO HOSPITAL, AO TEMPO LIVRE ATÉ, PARA QUE REALMENTE LIBERTE.” E para a efectivação deste projecto, invoquei a protecção de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Diocese e S. Paulo, “que a Igreja retoma como mestre e estímulo de toda a evangelização” no ano que lhe vai ser dedicado neste segundo milénio do seu nascimento.

O ANO PAULINO, proclamado por Bento XVI com início em 28 de Junho de 2008 e termo em 29 de Junho de 2009, é-nos oferecido como uma feliz e eficaz oportunidade para que, à luz do seu exemplo e da sua entrega à causa do Evangelho, possamos APROFUNDAR A CONSCIÊNCIA DA NOSSA RESPONSABILIDADE E COMPROMISSOS APOSTÓLICOS E “PROGREDIR NA BUSCA HUMILDE E SINCERA DA PLENA UNIDADE DE TODOS OS MEMBROS DO CORPO MÍSTICO DE CRISTO”, conforme as próprias palavras do Santo Padre”. É impressionante o seu itinerário desde perseguidor da Igreja até apóstolo das Nações. Tudo começou com o seu encontro, a caminho de Damasco, quando foi posto em causa o sistema de valores de que se orgulhava e que abandonou como “perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor, Jesus Cristo” (Fil. 3, 8). A partir daí, a sua vida passa por uma total renovação e adquire um ritmo alucinante marcado pela consciência de uma obrigação que lhe foi imposta e que o leva a exclamar: “ai de mim, se eu não evangelizar!” e que ele executa, “pregando e Evangelho” de modo desinteressado e gratuito, “sem (se) fazer valer dos direitos que o seu anúncio (lhe) confere” (1 Cor. 9, 16- 18). Na Segunda Ep. a Timóteo, no chamado “testamento do Apóstolo”, ao jeito dos discursos de adeus, são-lhe atribuídas expressões em que a morte é evocada como o dom de um sacrifício, chegada à meta definitiva, ocasião para testemunhar que, ao longo de uma vida tão rica e tão cheia, combateu o bom combate, guardou fidelidade a Deus e pode legitimamente esperar a coroa de vencedor (2 Tim. 4, 6-8).

O Ano Paulino vai permitir-nos VENERAR de um modo especial a memória do Apóstolo das Nações, CONHECER melhor esta figura extraordinária da história do Cristianismo, PENETRAR na riqueza das suas Cartas que são o património mais antigo do Novo Testamento, ABRIR-NOS à contemplação do mistério de Cristo e da Sua Igreja e FORTALECER a nossa consciência de que somos filhos de Deus, membros da Igreja, promotores da nova evangelização para o nosso tempo.

Como em todo o Ano Jubilar, haverá neste Ano Paulino SINAIS E SÍMBOLOS que atestam a fé e favorecem a devoção dos fiéis. O Papa, no dia 28 de Junho de 2008, abrirá uma “PORTA PAULINA” (simétrica à Porta Santa) na Basílica papal de S. Paulo na Via Ostiense, dando assim início às PEREGRINAÇÕES a locais escolhidos (12 em Roma) e será acesa a CHAMA PAULINA que arderá ao longo de todo o ano. Outro elemento constitutivo do evento jubilar é o DOM DAS INDULGÊNCIAS que o Santo Padre oferece a toda a Igreja mediante o cumprimento de determinadas condições. Haverá também celebrações jubilares, encontros de oração e de formação, retiros, jornadas pastorais, exposições, etc. POSSAMOS, TODOS NÓS, CRESCER NA NOSSA CONFORMAÇÃO COM CRISTO E NA NOSSA RESPONSABILIDADE E ARDOR APOSTÓLICO, À IMAGEM E SOB A PROTECÇÃO DE S. PAULO.

Em ordem a isso, apresento à diocese algumas propostas de celebrações e eventos jubilares, a programar e organizar nas quatro regiões pastorais, vigararias, paróquias e grupos apostólicos, a que se junta uma selecção de temas de reflexão e fichas de leitura para a lectio divina. Estes são esquemas a utilizar com liberdade e criatividade, de modo a adaptar-se aos objectivos em vista.Também recomendo de modo especial um itinerário catequético, elaborado pela Conferência Episcopal Portuguesa, Um ano a caminhar com S. Paulo, que propõe um tema para cada semana do ano (52) e que de muita utilidade será para os fiéis individualmente, famílias, grupos paroquiais, pastoral juvenil, Movimentos.


Porto, 27 de Junho de 2008

+ Manuel Clemente, Bispo do Porto
+ António Taipa, Presidente da Comissão Diocesana do Ano Paulino

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