HABEMUS
PAPAM
Francisco
I, um papa do fim do Mundo
Eram 18.06h, hora de
Lisboa, quando, finalmente, surgiu na mais famosa chaminé do mundo,
o tão desejado fumo branco.
Em poucos minutos a
notícia espalhou-se por todo o mundo, já de si com os olhos postos
no Vaticano, desde que Bento XVI formalizara a sua resignação, no
dia 28 de fevereiro.
Durante cerca de uma hora
o mundo esteve suspenso à espera de saber o nome, o rosto e a
nacionalidade do novo Sumo Pontífice.
Por volta das 19.06h o
Cardeal Jean-Louis Tauran anunciava, em latim, o nome do novo papa:
Jorge Mário Bergoglio, de 76 anos, arcebispo de Buenos Aires na
Argentina e que adotou o nome de Francisco.
Quando o novo Papa
apareceu às 19.22h na janela da varanda do Vaticano foi recebido por
uma enorme aclamação da multidão que o aguardava na Praça de São
Pedro, no Vaticano.
Refira-se que esta
escolha surgiu no segundo dia de conclave, à quinta votação, sendo
curioso que o Papa agora eleito, foi o segundo Cardeal mais votado no
anterior Conclave que, elegeu Bento XVI em Abril de 2005.
Francisco
I
Até ao século VI, todos
os Papas usaram o seu nome de batismo. O primeiro a mudar de nome
depois de São Pedro foi Mercúrio, que adotou o nome João II.
A escolha do nome do novo
Papa imprime, quase sempre, uma marca de atuação ao novo
pontificado e, neste caso, a escolha de Francisco para o novo Papa
remete, de imediato, para a figura de S.Francisco de Assis, figura
marcante na história da Igreja e na renovação do Catolicismo no
sec.XIII. Aliás, a primeira aparição de Francisco I perante a
praça de S.Pedro em Roma e perante o Mundo, através dos meios de
comunicação social, pode ser caraterizada por uma atitude de
simplicidade, de serenidade e de humildade tão caraterísticas do
“Poverello” de Assis.
Por outro lado, sendo
Jesuíta, o nome de Francisco poderá também remeter para o grande
missionário do Oriente que foi S. Francisco Xavier.
De qualquer modo, quer a
marca da evangelização expressa no Missionário jesuíta do
Oriente, quer a referência aos símbolos da harmonia cósmica, da
fraternidade e da paz universal, tão ligadas ao franciscano de
Assis, marcarão certamente a atuação do Pontificado deste 266.º
Papa da Igreja Católica e 1º Papa da América do Sul.
Deseuropeização
da Igreja
Sendo a Igreja Católica
a instituição mais universal do Mundo, a escolha de um cardeal
argentino como primeiro Papa da América Latina é, certamente, mais
um dos sinais dos tempos que, na opinião do Bispo do Porto, D.Manuel
Clemente, assinala uma certa tendência para aquilo a que ele chamou
a “deseuropeização da Igreja” que trará também benefícios
para a própria Europa atravessada por um crise, não apenas
económica , mas também de valores e de identidade cultural.
É óbvio que não será
fácil para este papa da América latina governar a Igreja a partir
do Vaticano. O enorme conjunto de questões que tem atravessado,
sobretudo os dois últimos papados, não lhe passarão ao lado e ele
está, não só bem consciente dessas dificuldades, como também
convicto da necessidade dos dons do Espírito Santo para o ajudarem a
governar a barca de Pedro.
Facto inédito, em início
de pontificado, foi o gesto de Francisco I, antes de dar a sua
primeira bênção “urbi et orbi” ao povo de Deus que o esperava
na praça de S.Pedro, e ao mundo, iniciar os primeiros momentos do
seu pontificado, com as orações mais universais da Igreja Católica,
bem como o gesto de pedir uma oração em silêncio para si,
enquanto inclinava humildemente a cabeça na janela do Vaticano.
E a verdade é que o novo
Papa vai precisar, e muito, da oração do Povo de Deus e da Luz do
Espírito Santo, para o ajudar a conduzir a barca de Pedro por entre
as vagas alterosas em que ela tem navegado e face a um mundo tão
conturbado e em grandes transformações a todos os níveis.
A escolha de um Papa com
o perfil, a cultura, a espiritualidade e a visão pastoral de
Francisco I será certamente um sinal de esperança para a Igreja e
para o Mundo.
José Cerca
Sem comentários:
Enviar um comentário