Os tesouros da Arca: A semente representa o futuro da Nossa casa Comum.
A 1.ª leitura do 1.º Domingo da Quaresma, deste Ano B, oferece-nos a narrativa da Aliança com Noé, associada à construção da arca. Para ficar de fora do modelo de vida violento e irresponsável dos seus contemporâneos, Noé teve de fechar-se dentro da arca, dentro de uma condição de isolamento espacial, social e existencial, e inventar, com a pequena comunidade biológica (seres humanos e animais) que lhe é confiada, um novo modelo de convivência. Ele guarda a família e a criação, numa experiência de reclusão dentro da arca, durante 40 dias e 40 noites, os dias necessários para fazer com que «o ser humano mudasse». Noé, como muitos de nós, neste momento da pandemia, opta por submeter-se à paragem domiciliária para se salvar a si próprio e salvar o futuro da vida sobre a Terra. Podemos ver aqui um convite a viver todo este sofrimento do confinamento como uma oportunidade de mudança, para reforçar os laços da Aliança e não como uma experiência negativa e destrutiva.
Esta
arca, desde a Aliança com Noé à Aliança no Sinai, reporta-nos sobretudo à arca da
Aliança, em que estavam conservadas as duas Tábuas da Lei de Moisés (que a 1.ª
leitura do 3.º Domingo nos recordará), que manifestavam a vontade de Deus de
conservar a Aliança com o seu povo. A arca representa esse Deus amigo, que
dirige o seu povo nas lutas e está com ele em todos os momentos. Poderia
falar-se de uma representação imanente de Deus, no meio do seu povo. A arca,
cuja finalidade parece ser só a de conservar o documento (as Tábuas da Lei),
converter-se-á numa espécie de lugar da presença do Senhor, que, por isso, vela
também pela conservação da Aliança com o seu povo.
Mas a arca é também o lugar de guarda dos nossos tesouros mais preciosos. E, por isso, pode servir de inspiração à descoberta da família como verdadeiro património da humanidade, com todos os tesouros que ela encerra, em todo o arco da vida e na arca da própria vida em Aliança com Deus.
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