Tenho na memória um velho quadro pendurado na parede da sala com um Cristo muito doce, piedoso e lingrinhas, rodeado das suas ovelhinhas. Na altura não me dava pelo erro, mas hoje, pensando que Cristo tivesse sido mais carpinteiro que pastor, fico pouco entusiasmado com a pintura.
Afinal Cristo afirma-se como «Bom pastor» em oposição àquela caterva de sacerdotes, fariseus e escribas, àqueles funcionários do religioso, mais interessados em servir-se dos rendimentos do Templo do que em dar a Vida pelos outros.
Quando se afirma Bom Pastor, Jesus não se dá a um ofício, mas introduz-nos no mistério da sua Páscoa. Dizer Bom Pastor, quer dizer, morto e ressuscitado. Aí sim, na Cruz, Ele deu a Vida. Na Ressurreição comunicou-nos essa vida e reuniu todos os filhos de Deus dispersos. É isso o Bom Pastor. O que dá a Vida, o que ama, o que conhece cada um pelo nome, Aquele que une e reune no mesmo redil.
Por isso a melhor imagem do Bom Pastor não será a do tal quadro de ovelhinhas mansas mas a do Crucificado.
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